Tuesday, July 11, 2006

60 minutos

Não, não estou a falar do programa de televisão.

Estou mesmo a falar do tempo que fiquei à espera de uma consulta na Medicar.

Estava marcado para as 09:15.

Cheguei lá às 09:10.

Mandaram-me esperar.

Chamaram-me às 09:45.

Perguntaram-me novamente os meus dados pessoais (nome, data de nascimento, profissão, etc.) em voz alta (que é para toda a gente ouvir) só mesmo para os confirmar. (eu compreendo que a minha profissão possa mudar entre duas consultas, mas a minha data de nascimento?)

A pessoa atrás do balcão disse, com voz pouco simpática:

- Esteve de baixa ou tem algum problema?

- Não estive de baixa, tenho é dores nos pulsos.

- Trouxe resultados de exames?

- Não, não trouxe.

- Mas devia. Ainda não fez exames?

- Não.

Aliás, a minha ideia em ir lá era precisamente que me dissessem que exames fazer, onde e como.

Voltaram-me a dizer que esperasse.

Meia hora depois, liguei para a log (onde trabalho) e pedi que me confirmassem a hora da consulta (não me tivesse eu enganado).

Exacto, era mesmo às 09:15.

Levantei-me, fui novamente à recepção, e disse:

- Eu vou-me embora.

- Mas o doutor já o vai atender, é só sair a pessoa que está lá dentro. É já a seguir.

- Mesmo assim, eu vou embora, que tenho outros compromissos.

Mas eis que o paciente anterior sai e a senhora manda outra pessoa ver se o doutor me pode atender, dando-lhe ainda uma indicação extra:

- Diz que é uma consulta pontual a pedido da entidade patronal.

A rapariga vai, fala com o doutor, e volta para me dizer:

- A baixa foi superior a trinta dias?

- Eu não estive de baixa...

E acho que ela ainda começou a formular outra pergunta, enquanto eu me questionava: "Mas que vem a ser isto? O médico mandou-lhe fazer perguntas para quê? Para decidir se me atende agora ou me manda esperar mais um bocado? Será que se a baixa for superior a trinta dias ele assume que não me importo de esperar mais trinta minutos?"

Mas no entretanto a outra senhora tomou a iniciativa de se pôr a pé e ir falar directamente com o doutor.

Passados uns minutos lá estava eu dentro da sala, a ser atendido. Ou deverei dizer... repreendido?

Tudo bem, tenho um problema há cerca de dois anos e só agora fui tratar dele. Repetir várias vezes que já devia ter tratado do assunto, vai mudar alguma coisa? Vai fazer com que da próxima eu me apresse? Não, não vai! Qual vai ser a minha motivação em ir lá novamente?

Enfim, meia hora depois lá saí, com uma série de conselhos que já conhecia (sim, porque eu posso não ter ido ao médico, mas pelo menos informei-me e até promovi uma reunião sobre o assunto no ano passado, à qual compareceram umas cinquenta pessoas com problemas semelhantes que partilharam as suas histórias) e com a prova de que o médico não sabe muito de informática...

Trouxe também uma carta para entregar ao meu médico de família.

Ah, e a pérola:

- Se for a um especialista ou se lhe for diagnosticada alguma coisa, tem que vir cá dar-me conhecimento.

Eu até acenei com a cabeça e disse "certo", mas agora que penso nisso... ir lá para quê? Para esperar mais sessenta minutos?

5 comments:

Anonymous said...

Eu nem quero imaginar como ficaste. Sim, porque conhecendo-te como te conheço consigo imaginar-te perfeitamente a contares o que descreveste aqui. E não deve ter sido bonito.

Catarina said...

Há coisas que nem dão para comentar...

Gimli said...

bem, ainda assim nao estás mal...da ultima vez q fui ao hospital ter uma consulta de nutricao esperei meia hora só para ser avisado que nao ia haver consultas porque estava tudo em greve. E da primeira vez, que tinha consulta Às 9, conseguiram a proeza de me fazer entrar às 11:10...

Anonymous said...

fantastico!!
Realmente fantastico!!
Aqui está descrita a verdadeira definição de competencia no nosso querido e amado país... :-)
beijinho.
susana

Anonymous said...

Estamos em Portugal e basta!!!É uma tristeza, sinceramente.
Estamos ladeados de incompetentes.